sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A Existência Última, Contágio do Empíreo

Nem aos Deuses ou aos anjos, o ouro recôndito das colônias de um azul 
Soturno. Adolescer nas calotas polares onde a linguística de mundos 
Desconhecidos em crateras, montanhas e odisseias onde dentre rios 
Caudais de desespero, arte e morte; os teus olhos ocultam-se na penumbra 
Dos sótãos europeus de um outono desconhecido. Já aos impulsos juvenis, 
Cristalinos ao redor dos cervos, prados e auroras de um dia cinzento. Linces, 
A demasia das ruas onde os trilhos dos trens traziam colegas e livros dos 
Bairros nobres de Buenos Aires enquanto nos sertões os tiros relapsos 
Ardiam e dentre a metafísica dos seixos, cactos e secas; morríamos vendo 
O que não nos pertencia dentre brados de liberdade, fraternidade e igualdade. 
Atravessar os relevos ao meio das serras; jesuítas, desastres e cemitérios de 
Tribos indígenas. O jovem fumante francês que participou de batalhas da 
Primeira guerra, suas leituras de filosofia existencialista e uma moça 
Grávida diante de suas inquietações e ignorância da religiosidade de seus 
                                                                                  Ancestrais esquecidos.

Tu que tanto a amavas; as luvas e as caças. Os nobres decapitados, 
Os vestígios da aristocracia romana. Onde andam os passos esguios 
De uma primavera decrépita. Será o tempo a consumação das jornadas 
Infelizes dos que se tornaram seres morais e deixaram sua vida 
De conforto e ofertaram-se aos desvalidos e humilhados, após Tantas 
Mentiras? Casamentos, contratos, infortúnios e separações. As infâncias 
Infelizes dos que perpassaram Nova Iorque, Berlin, Roma e atingiram 
Os primeiros lugares nos vestibulares mais difíceis. Vivo em mim a 
Melancolia de ser todos em um, de trazer na ancestralidade os cristãos 
Que mataram os negros que vivem em mim, das mães de filhos 
Homossexuais incompreendidos, de um inferno de onde ela se foi 
Para nunca mais vir em um mundo de peraltas niilistas intrépidos. 
O amor destrói a subjetividade macabra, pois sua filosofia faz-se 
Espiritual, os fantasmas de séculos passados batem a porta dos 
Pequenos burgueses que vendem-se por seus talentos. Estes somos 
Nós, os infelizes, os que se sacrificaram por aquilo que jamais 
                                        Poderiam alcançar como filhos da descrença. 

O não-ser e os genes dos símios dentre taças de vinho e cachecóis ao inverno 
Da humanidade vulgar a exibir-se em redes sociais tais como o modelos 
Padrões de um mundo vil e inóspito. A fenomenologia da consciência animal.
O ventre materno de ouro, formigas em bandos de alpinismo mirrado.
O mundo das formas e a fase cética dos adolescentes que carregam nos 
Ombros os ciclopes narcísicos sepultados no Orco, a tragédia de estar
                                     Como peregrino no carnaval da genealogia do ridículo. 

A casa dia que se passa homens materialistas e tolos em festas seduzem
Moças em jornadas de dinheiro, individualismo e tóxicos; o paleolítico 
Está tão presente dentre ruas asfaltadas e arquiteturas de metrópoles 
Pós-modernas. O Deus Pã e sua flauta, o rebanho de ovelhas; a pele dócil 
E morena das mães filhas da pobreza de espírito e das bem-aventuranças, 
A castidade da nova era teocrática. A Igreja de Dante renascendo as 
Moradas mais últimas do paraíso. Cavernas, lobos, sair dentre 
Escolas, universidades, escritórios, oficinas e acessórias onde a besta 
Tenta perverter as famílias das trilhas do espírito. O teatro, o cinema 
Arqueiam a tragédia do filho do homem e a comédias dos costumes 
Aparentemente civilizados. Ela foi e ainda exprime-se mais que tudo 
Para mim. Talvez na consumação dos dias que não foram, o paraíso 
Perdido foi, enfim, o maior meio de deparar-se com a problemática 
Do ser, do tempo, da existência filosófica do problema da morte, da 
Compreensão de que o santos são maiores que os ídolos das nações. 
Todo dia em que o sol perpassa o horizonte contemplativo de
Toda a miséria humana e graça divina, concebo que o que me 
Leva a estas raízes preenche-me por inteiro e íntimo sendo meu clamor 
Para Deus; venho a desvendar que nada faz-se capaz de fazer morrer 
A eternidade da pessoa de Jesus Cristo, o filho unigênito do Pai que 
Vive em nós, transcendendo-nos, humilhando-nos  e fazendo-nos 
Criaturas que são. Cultivo dentro de mim a semente desta verdade
                                                                 Que nunca haverá de morrer!