terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Desvendar-se, luz adentro

Quisera a paixão dentre as cascatas incandescentes e agrestes o tempero
Das rochas, dimensões últimas da seca, dos currais e arames aonde
A alma da caatinga espera desde da consciência as raízes mais
Ocultas do sono,  a sede verdejante do acúmulo azul das nuvens,
As azuladas superfícies das camadas de cebola, aparência de profundos
Mergulhos salgados, dentre ombros cicatrizados em aço, erguem-se

Gigantes de olhos uni-laterais, olhos de prata, mortos na seca acreditam-se
Verdes; mas o vácuo, o fértil aglomerado pelo silêncio, tropicalismo eterno,
Renasce em cada aurora aonde o expoente é o sol e assim move-se
O mundo, aonde crianças-adultas sepultam a sombra com a luz da fé,
Capaz de mover as mais amplas montanhas, castanhos, azuis ou verdes,
Esses olhos são a alma do mundo, a primavera, o outono, o verão, são
Todos um só, a coragem é a cor da unidade, todos os olhos um só
Verão, um só verão, uma só vida, que é mistério desvendado luz adentro
Dentre inimigos iluminados ao tempero inconstante de névoas
Afiadas, agudas e viáveis ao pastar dos caninos figurados pelo faro
Agressivo do vinho e mármore de lâminas aonde paixões
Enveredam nas cinzas do tempo sobre terras, solos dissipados
Por céus e relvas dentre uma primavera envolta pelo sono de
Tempestades de gelo, cascatas do azul petrificado, minha pele
E as suas dimensões últimas dentre redes de Zeus e o xadrez
Ardente no purgatório aonde o cemitério de uma vida cada
Vez mais viva pasta sobre verdes fontes, mas quisera por mim
Mas que o mundo pela superfície de seus continentes e de seus
Mares violentos o profundo impacto das maças em dimensões
Últimas da procura aparentemente irreversível aonde os céus
Nada mais eram que o reflexo do espelho de minh'alma nos
Rios de fogo e mistério aonde três quartos do que sou afogavam-se
Nas cachoeiras, jardins do Éden aonde o meu sonhar era madrugada,
A madrugada já era dia, aurora e o fruto do meu amor fez-se ferida,
Cicatrizada aos poucos, entretanto só assim, apenas dentre prisões
E ferros armados pelo aço, pude crescer e ir além de um aparente
Firmamento aonde maremotos azulados pela pela prata, pois ao
Meio de nossos inimigos e paixões, desiludidos, vemos a face
Última do que permanece eterno, desvendamos na poeira dos
Desertos o sabor inegável das trilhas e leitos aonde desciam
Os céus naqueles oasis penetráveis da vida, aonde sempre buscamos
Na imensidão dos porões de nossa consciência a imensidão das
Estrelas eternas e com a fé montanhosa e vedejante em faíscas
Sublimes deparamos face a face com o gosto do sentido da vida
Da visa que mantém-se viva, amigos de nós mesmos, amantes da
Últimas dimensões, céus de causas e efeitos sobre bosques ouvindo
A voz dos deuses a preencher todo o vácuo do sono, só assim percebi
A relva fazer-se luz em meu olhar e as auroras despertarem no canto
Dos pássaros viáveis em minha própria música, assim minha sombra
Foi penetrada a luz e o silêncio fez-se orquestra e na aurora do mesmo
Sol que sempre renasce, renasci brilhando e sentindo este sol na
Harmonia mágica, sutil, dos espelhos dos meus olhos como centros do mundo